sábado, 16 de novembro de 2013





Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se instalou aqui. Por favor, não tente entrar em contato comigo com as velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver suas carências em outro endereço.
Fernanda Young

terça-feira, 12 de novembro de 2013



É quando estás de joelhos
 que és toda bicho da Terra
 toda fulgente de pêlos
 toda brotada de trevas
 toda pesada nos beiços
 de um barro que nunca seca
 nem no cântico dos seios
 nem no soluço das pernas
 toda raízes nos dedos nas unhas
 toda silvestre nos olhos
 toda nascente no ventre
 toda floresta em tudo toda segredos
 e de joelhos me entregas
 sempre que estás de joelhos
 todos os frutos da terra.

David Mourão Ferreira










domingo, 3 de novembro de 2013




Não falem mal do meu passado, pois graças a ele
Sou o que sou hoje.
Não julguem meus atos sem conhecer minha história,
pois fui obrigado a ser forte e tomar outro caminho.
Eu fui feliz, eu amei, decepcionei e também chorei,
mas em todo o momento fui eu mesmo, te amando,
me doando e recebendo o que você tinha pra me dar.
Quer saber? Amei você e sei que fui amado e so tenho que agradecer,
pois a dor das decisões me fizeram crescer!

Desconheço o autor

segunda-feira, 28 de outubro de 2013






Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade. Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.

Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima. Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.

Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.

Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo.
Nem eu sou o que penso que eu sou.
Nem nós o que a gente pensa que tem.

Prefiro as noites porque me nutrem na insônia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. Trabalho sem salário e não entendo de economizar.
Nem de energia. Esbanjo-me até quando não devo e, vezes sem conta, devo mais do que ganho.

Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. Não vou à missa. Nem faço simpatias. Mas, rezo pra algum anjo de plantão e mascaro minha fé no deus do otimismo.

Quando é impossível, debocho. Quando é permitido, duvido. Não bebo porque só me aceito sóbria, fumo pra enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas.

Penso mais do que falo. E falo muito, nem sempre o que você quer saber. Eu sei. Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas.

Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.

Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. E note bem: não sou agressiva, mas defensiva.
Impaciente onde você vê ousadia.
Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.

Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos.
E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo.
Martha Medeiros